sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sache

Não sei quanto a vocês, mas toda vez que me envolvo com condimentos em sache é a mesma história.

Feliz com o alimento em mãos, que normalmente vem a ser uma fritura (crocante pelo menos) do tipo lanche de cantina, após envolvê-lo com o guardanapo, no movimento grand finale da degustação, vem a pergunta: Cadê o catchup? Você logicamente sabe onde está o catchup, pois estrategicamente ao pegar o quitute, pediu a “tia” os tais condimentos. Talvez a trinca inteira (catchup, maionese e mostarda), ou só o preferido (normalmente o vermelhinho). A pergunta seria na verdade uma forma de perceber que você poderia abrir sim o sache com antecedência e tê-lo disponível no grande momento de elevação da merenda à boca. Mas não, sempre esquecemos que é necessário abrir aquele maldito e só lembramos no momento que mais o precisamos.

Aí vem a chateação. Alguns com muita calma, porém revoltados com o erro repetido de sempre, largam o quitute no prato (quando tem) e se empenham com força total, com unhas e dentes (literal), à abertura do saquinho danado. Esse sujeito após o erro de esquecer de abrir o saquinho, se redime e de uma maneira calculada, a mais adequada ao meu ver, consegue dar prosseguimento à sua refeição sem mais perrengues.

Agora vamos falar de sucessão de erros. Após esquecer-se de abrir o sache antes de bolinar o quitute, o sujeito esperto não consegue se desvincular do futuro bolo alimentar em mãos, talvez por usura ou fome mesmo, e erroneamente tentará abrir o sache com apenas uma das mãos, contado com o apoio dos dentes incisivos. Afinal ele aprendeu quando menino(a) que com tais dentes deve-se morder a maçã, e com os molares e pré-molares mastigar a maçã. Boa garoto(a). Mas nada na vida é tão fácil, simples e objetivo. O sujeito esperto terá pela frente algumas possíveis lástimas.

A primeira é cortar rapidamente com seus incisivos bem amolados, mas tal corte pode ser muito raso (devido ao receio de abrir de mais) e não chegar à bolsa onde se encontra o líquido precioso. Sujeito cuidadoso, mas que no mínimo fará três cortes diferentes babando o sachê por completo e elevando suas possibilidades de contaminação com a mão suja da tia,que anteriormente passava feliz o troco do cliente.

A segunda possível lástima é a desastrosa, a temida. Devido à ansiedade de deglutir de vez o tal quitute, o pobre sujeito encara o sache com suas ferramentas, de forma aniquiladora, encarca o dente com vontade e rasga ao meio a vítima. Uma manobra arriscadíssima e impensada que de certo irá borrar no mínimo sua blusa. Uma explosão de raiva o toma e absurdamente a culpa será do sache.

A terceira lástima vem do sujeito que insiste em levar vantagem do próximo. Com o quitute em mãos, sem conseguir libertar o condimento ele olha para o lado e com total naturalidade: “abre aqui pra mim.”. Simples assim ele acredita que conseguirá sair ileso dessa, o que acontece sim às vezes. Mas ao se deparar com uma negativa, ele corre para uma das duas lástimas acima. Sem dúvida alguma é a pior aventura, pois além de passar por uma das duas citadas lástimas, o sujeito estará enfraquecendo a sua amizade com o próximo ao se expor como o grande aproveitador.

Portanto caros, prezemos pela calma em momentos que requeiram decisões rápidas, pois estaremos lidando com perigosos caminhos que o imediatismo cega.

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